25ª mostra de cinema ao ar-livre 

     Há filmes que não apenas contam uma história; eles abrem uma fresta. Nesta Mostra, espreitamos um mundo onde o tempo corre de outra forma, onde a matéria do cinema – imagem, som, silêncio, corpo, luz –, se torna linguagem de memória, de resistência, de pertença. Nesta 25ª. edição da Mostra de Tavira, reunimos obras que persistem, mesmo depois de os créditos finais se apagarem. A programação de 2025 percorre geografias, tempos e afetos. Das ruas vibrantes de Mumbai ao silêncio ancestral da floresta Amazónica, dos Alpes de um passado em guerra à adolescência na ilha de Fogo ou às ruas de Kent, cada filme convoca-nos a partilhar histórias de pertença, perda, resistência e descoberta. São narrativas enraizadas no real, mas abertas ao inesperado, com personagens que se procuram a si mesmas nos outros e no mundo em mudança.

       Entre o documentário e a ficção, o realismo e o sonho, a seleção deste ano junta autoras e autores que ousam escavar o visível, desmontar certezas, reinventar formas. Passam por aqui novas vozes do cinema indiano, africano, latino-americano e europeu, lado a lado com cineastas como Pedro Almodóvar, Andrea Arnold, David Lynch, Alain Guiraudie e Miguel Gomes. Há espaço para o silêncio e a celebração, para o ritual e a festa, para o confronto e o afeto.

     No ecrã ao ar livre, sob o céu do verão, estes filmes reencontram a sua dimensão mais ancestral: a de partilha. Como quem se junta à volta de uma fogueira ou de uma praça, voltamos a olhar juntos. Porque, no fim das contas, talvez o que persista mesmo seja isso: o desejo comum de imaginar e habitar outros mundos. E é com esse mesmo desejo que celebramos, nesta edição, os 25 anos da Mostra de Cinema ao Ar Livre de Tavira, um lugar de encontro que tem resistido, reinventando-se, a cada verão.